1 de outubro de 2012

Trago.

Fumaça peito
cintura
sopro silêncio
corpo
despido noite
música nova
tempo
tempo
dia
novo
fumaça
perna alma
limpa
trama versos sopro
carnes 
sinônimos embebidos
beberam
se no
tempo
delineia fumaça
história
nova
mão
sopro 
sintoma
fumaça.

10 de agosto de 2011

A despeito.


Pudesse poria 
membros em todo poema. 
Faria erógeno 
cada um dos verdes 
dos claros dos brancos 
e daquilo tudo. 
Poema é tão mais quando 
despeja 
palavras 
rústicas e abertas 
(de um jeito que eu bem gosto).
De um jeito que se lê e 
se contempla todo 
um carnaval pelo corpo.

Pudesse
Averiguaria teus poros
sem sutiã.
Um por um e 
não
me apegaria.
Jogaria ao relento
tal métrica de 
peito escancarado por todo lugar.
Pudesse talvez 
poria fim
neste tal texto
em 
concordância de gênero.
É tudo uma questão de gênero
e não temeria
enfim
Deixar
todos os óleos
as cores traços de
corpo sobre tudo.

Pudesse
esqueceria esse travesseiro
que tanta sede nuca
pele respeito pêlos
- pelos meios que me destes.
E incumbir-me-ia de ser
só,
menina. 

Pudesse eu
tão pouca gente
chegaria ao topo
dessa tanta gente
que te conheceu
tão bem quanto
eu quis
e veria migalhas
de mim em cada uma
mas recomporia meu
digno amor
em toda sorte de Baco.

Pudesse
tiraria de mim qualquer
resquício de bunda
- já que tanto gostas -
e
lavaria de mim
todo vestígio de
argumento e líquido
que noite a noite
me pus a pungir. 

Bastaria.

Quisesse ao fim
balbuciaria pedido
tal qual verso virgem 
sem vestimenta subjuntiva:
posso a tudo 
despeito?

7 de agosto de 2011

Até sem Agulha.

Mariana. Tal como minha ex-bisa (bisa que o brasileiro fala, bisa de bis, bis de ser outra vez, bis de ser o que você entender) avó. Digo ex nunca na intenção de substituí-la, mas na certeza de um dia ser sua bis-neta outra vez.


Há algum tempo. Tempo suficiente pra eu só conseguir lembrar dos dedos do pé dela, e de como ela ficou quando eu e meu irmão a trancamos, junto com uma outra (desta vez) avó, para fora de casa. Eu e meu irmão reproduzíamos, naquele momento, o tipo de educação que recebemos. Brigou, vai ficar de castigo. Castigo para criança era ficar dentro de casa, sem ver ninguém. Adulto nem gosta muito de ficar passo à frente da porta de casa, vendo pessoas, conversando com elas assuntos n que nos n momentos não fazem sentido. E o castigo delas foi ficar pra fora de casa. Ficaram horas. E foi o dia imperial que eu e meu mano tivemos. Uma casa tão pequena, mas que pra pessoas que só enxergavam os pés de gente grande a casa era até que soberana. Mudamos tudo: móveis, comidas, cachorros (que pelo sofrimento não viam a hora da democracia) e sentimentos. Até que nos cansamos. E como já disse, faz tempo. A ponto de eu não mais poder saber que "vó" pode ser objeto direto de "ser". com todo o tipo de ligação. E fica a critério.


Nesse mesmo contexto imperial, uma avó deu migué. E eu caí direitinho. No almoço, um prato nada infantil continha arroz, feijão, alface, abobrinha e carne de panela (eu não entendia o porque...nunca tinha visto carne sendo preparada se não numa panela). Nenhum pequeno da mesa quis comer com tanta criança com hipopó do lado de fora da casa. Vó dividiu os pratos dos pequenos em montinhos iguais de comida. Incentivou uma competição. Quem comesse tudo primeiro não ganharia nada, só saberia perante os outros o quanto foi mais hábil para comer tudo. Quem ganhou foi a minha avó, vitoriosa pra cima da minha mãe; "A Mariana comeu toda a abobrinha".


O sucesso da educação. A outra avó provou pra minha mãe que conseguia me fazer trabalhar. Pegou todas as minhas bonecas e tirou delas quaisquer vestígios de roupas, escondendo tão bem que só as encontrei há alguns meses. Me deu agulha, linha e paciência. Me deixou as férias todas no desespero de não deixar minhas filhinhas passando frio. Aprendi a costurar.


Hoje ainda costuro. O enredo. A comida. Roupinhas. Mãe. Irmão. Pai. Hipopó. Vó. Junto tudo em letras únicas e não há quem não repare um bordado de tanta saudade.

2 de agosto de 2011

Desenredo.


Vai-se curto
O peito.

Amou um sem-fim de
Palavras
Doces
Ouros
Brancos
Rosas
Prosas - que fim.

Dilacerado
Por
Tal qual o seu.
Curto.
Quer desamar.  

Sem flor.
Sem risos
Amanhecidos
Enbranquecidos de pele-a-pele envolta

Volta
Em vocábulo
Síntese
Ênclise

Inclinei-me. Assim, sem menos.

Aos pés 
Aos seus
Que meus ficaram. 
Mito.
De um dia
Casa. Comigo. Cama.

Amor se riu
De amor partiu
Com versos tortos
Pesados
Nesse sem métrica
Agora
Vem-se longo
Em jorro
- Qual lágrima partindo
Vida
Qual corpo parindo
Luto - 
Um poema.

21 de janeiro de 2011

Apego.



Palavras.
todas gastas.
(seus sentidos e
grafias lidos) e
não há uma
- sequer -
que eu encontre para
saudar-vos: peito e sentimento
meus.
Juntei-as todas
e
esparramei
na panela.
verbo. sutiã. receita.
E um conto:
como poeta
não
caibo mais!
Trocado o predicativo
(agora salgado,
talvez) até meu.
corpo. samba. Janeiro.
Tudo é
"outro".
Entre aspas. coloco
uma pulseira. e
deixo aí.
a quem quiser
ler.

27 de setembro de 2010

Sem Licença.




Quando nasci
um anjo safado
desses que
vivem na praia
sussurrou
rachando o bico
(nos meus ouvidos): já era.
tocarás samba e
cantarás poesia.
o dia inteiro.

Mãe sempre atenta ouviu bem
o sussurro
tentou me desviar.
Pôs música clássica na
ponta dos meus pés
cordas suaves em minha mãos
e até colégio do bom
(disse pra eu estudar) 
tudo tão perfeito que errou:
me ensinou a rezar.

Com sagrado não se discute,
Mariana

Essa o anjo
também
ouviu e
me fez gargalhar
ritmado
de joelhos no altar
ensinou nova reza
dessas
que joelho não 
para
cabeça
coração

que samba
e poema
é de gente
que.
ora mãe.

26 de junho de 2010

Transporte Coletivo

Mulher e

tanto que não havia carnaval.
Sentada
com suas ancas
amparadas
por um
todo-dia sem novelas
despiu seu
tudo que é conceito e saiu.
Não voltaria.
Simpática até os cabelos.
secarem.
E depois ao diabo
longe de sua mãe tão-religião.
Acreditava-se indisposta
a casamento
esse amor num dedo
que os dias passam
a

toda comida

(lavava louça com âmago encardido).
Menina e
tanto que arrumava os cabelos
fazia promessas e
terminava em refrigerante.
Coisas da religião.
pecava como
qualquer frade e se encontrou
na cadeira vazia da lanchonete.
(Cachorros não amam, pensou).
Cachorro
tanto que nem comeu. Sentiu
suas coxas ainda suadas
e pôs mão no pensamento
como se
as pernas quentes e satisfeitas
pensassem e repensassem esse sexo
todo natural que nem lembrança
pode deixar?
Tão sexo e tão casamento
arre natureza que a contém.

3 de junho de 2010

Meu ócio acordado

Porque se agora eu discordo a-manhã pode ser água, mãos e qualquer desrespeito com elas. E eu sei que irrito. verbalizo até o excesso de roupas na lavanderia e na lojinha ao lado onde até a mancha nos óculos da vendedora (antipática) é o mesmo. De cinco anos atrás. e eu que faço com esses verbos? O sorveteiro avisou da promoção e eu logo entendi. Nada. Se compara então. Vai ver que tô sóbria e nem sei como vão ensinar a crianças a sílaba tônica de "Menipeia" e como isso já pode ser sátira. Já pôde ou já pode não sei de mais nada. Se é assim, abaixo (os olhos) à democracia. Da Língua Portuguesa que agora faz brincadeirinhas com o pouco que eu sabia. Então que valham os Direitos Humanos que pra mim é tudo igual. E acabemos com a pena de morte do meu trema que já tanto foi ditongo (tadinho, mais uns anos e ele vai, até de hiato).!. Quem se importa...com a minha ortografia faço até malabarismos em sinal de pontuação. Meus cabelos e sexo continuam os mesmos, mas que não me venham querer abominar o. Radical. Andam assim as coisas sem pudores. A rua está cheia.



***(Farei, aos poucos, a transferência dos posts de um antigo blog. Este é o primeiro deles)